Após uma viagem de trabalho, ele se depara com seu apartamento explodindo inesperadamente, exatamente no dia em que ele conhece Tyler Durden, um sujeito subversivo que possui ideais revolucionários e uma linguagem de terrorismo poético, ele trabalha em empregos noturnos, e vende sabão que ele mesmo fabrica com banha de lipoaspiração roubada de clínicas de estética. Como não há para onde ir, após o apartamento detonado, Tyler passa a hospedar o personagem principal em sua residência, um casarão abandonado. Juntos eles fundam o Clube da Luta, com a proposta de que se encare a vida como algo a ser experimentado, para que ela tenha sentido, "quanto você conhece de si mesmo se nunca entrou numa briga?". As vivências dele e de Tyler vão se entrelaçando, o que conduz e potencializa um jogo esquizofrênico entre um deles, ou os dois.
Em meio as lutas, Tyler diz frases que transmitem seus parâmetros que quebram com a maneira pela a qual encaramos a vida cotidianamente. Algumas das frases serão associadas a críticas a sociedade de consumo, as frases ditas por Tyler Durden estão entre aspas. Um dos pontos centrais do filme está relacionado com o que fazemos de nossas vidas. Geralmente trabalhamos para produzir o que não consumimos, muitas vezes, consumimos o que não é necessário, guardando em nossas vidas um estoque de coisas que não utilizamos e não utilizaremos para quase nada, e, por fim, nunca ficamos satisfeitos.
"Você não é seu emprego ou o dinheiro que possui", "as coisas que você possui acabam te possuindo", tudo o que é preciso para esse sistema funcionar são de pessoas para produzir de um lado, e pessoas para consumir, de outro. Que o gasto com a produção seja baixo e o valor do produto, alto. O que gera o tal do lucro de alguns, fomentando a ganância. E, o pior de tudo, é que somos nós os que produzem e consomem, assim servimos de baterias condutoras desses processos. "Essa é a sua vida e está acabando a cada minuto".
Por que não estamos habituados em consumir somente o que realmente precisamos? Por que consumimos qualquer coisa que a propaganda tenha veiculado aos nossos sentidos? Por que nos submetemos a trabalhar em serviços que não gostamos? Tyler diz que “A propaganda nos faz correr atrás de coisas e a trabalhar em empregos que odiamos para comprar porcarias de que não precisamos."
Isso tudo gera uma cultura do individualismo egoísta que exclui a existência do outro como pessoa, cada um quer se importar com seu dinheiro pois o que almeja são objetos a serem comprados, é o 'ter' e não 'ser'. "Você nem quer saber onde moro, o que sinto, como alimento meus filhos ou como vou pagar o médico se ficar doente”.
Não podemos esquecer que vamos morrer um dia que e a nossa vida terá sido sempre a mesma se não mudar a maneira de encarar as relações, e, quando morrermos não teremos mais nada de nada, principalmente não teremos nós mesmos – o que passamos por muito tempo deixando de lado. "Estamos arriscados a morrer a qualquer hora, a tragédia é que não morremos.".
Por fim, “fomos criados pela televisão para acreditar que um dia seríamos ricos, estrelas de cinema e do rock, mas não seremos, e estamos aos poucos aprendendo isso", Tyler Durden.
Bruno Carrasco, Outubro de 2008.